A
chanceler alemã, Angela Merkel, venceu neste domingo (22) as eleições
legislativas e assegurou um terceiro mandato à frente da maior economia da Europa,
mas não obteve a esperada maioria absoluta, segundo resultados oficiais
parciais.
Merkel
e seu partido conservador CDU/CSU receberam 41,5% dos votos - um avanço de
quase 8 pontos em relação às eleições de 2009 e o resultado mais expressivo dos
conservadores desde a reunificação da Alemanha, em 1990 -
mas a ampla vitória não foi suficiente para garantir 304 das 606 cadeiras do
Parlamento.
Já
seu aliado liberal FDP ficou fora do Bundestag, pela primeira vez na história
da República Federal Alemã, ao não atingir o mínimo de 5% de votos (4,8%).
O
partido social-democrata SPD, com o qual Merkel deverá negociar uma 'grande
coalizão', obteve 25,7% de votos.
Os
Verdes receberam apenas 8,3% dos votos, perdendo 2,3 pontos em relação a 2009,
e a esquerda radical Die Linke recuou 3,3 pontos, com 8,6%.
O
movimento anti-euro Alternative für Deutscheland (AFD), criado na primavera,
ficou próximo de chegar ao Parlamento, com 4,7% dos votos.
O
índice de participação foi de 71,5%, acima dos 70,8% registrados nas
legislativas de 2009.
O
resultado força a uma aliança com a oposição social-democrata, algo que não
ocorre desde 1957, quando quem estava no poder era o primeiro líder do
pós-guera alemão, Konrad Adenauer.
'Faremos
tudo o que pudermos nos próximos quatro anos juntos para torná-los anos de
sucesso para a Alemanha', disse Merkel aos efusivos membros da CDU, em Berlim.
'A
liderança do partido discutirá tudo quando tivermos um resultado final, mas já
podemos comemorar esta noite', destacou uma sorridente Merkel a seus
simpatizantes, incluindo o marido, o farmacêutico Joachim Sauer, um fã de
música tão raramente visto em público que ganhou o apelido de 'O Fantasma da
Ópera'.
Física
de formação, Merkel é a terceira pessoa a conquistar um terceiro mandato na
História da Alemanha, depois de Adenauer e Helmut Kohl, o pai da unificação
alemã.
Se
ela cumprir o mandato pelo menos até 2017, se tornará a líder europeia mais
longeva no poder, superando Margaret Thatcher, que foi primeira-ministra da
Grã-Bretanha por 11 anos.
A mulher mais poderosa do mundo
Parceiro
de Merkel na condução da política econômica do Velho Continente, o presidente
francês François Hollande felicitou a colega por telefone defendendo a manutenção
da 'estreita cooperação' entre Paris e Berlim para reforçar a construção
europeia.
O
presidente francês convidou Merkel a viajar a Paris 'assim que formar o novo
governo' para 'preparar' a 'agenda futura'.
O
presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, também
cumprimentou Merkel pela vitória através de um comunicado, destacando o papel
da Alemanha na construção europeia.
'Tenho
a confiança de que a Alemanha prosseguirá com seu engajamento e sua
contribuição para a construção de uma Europa pacífica e próspera para todos os
seus cidadãos', afirmou.
Angela
Merkel foi considerada a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes em
sete ocasiões. Aos 59 anos, a chanceler alemã confirmou essa posição ao
permitir ao seu partido conservador um resultado quase 8 pontos acima da última
eleição de 2009.
Nenhum
de seus colegas em Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido conseguiu
ser reeleito desde o começo da crise financeira.
Eleitores dão apoio maciço à sua 'Mutti'
As
mais recentes pesquisas de intenção mostravam que a chanceler conservadora, a
preferida dos alemães especialmente pela forma como tem administrado a crise do
euro, conquistaria a confiança dos cidadãos para um terceiro mandato de quatro
anos à frente do país.
Mas
todas as consultas previam que ela não conseguiria governar sozinha, e teria
que formar 'uma grande coalizão', o que acabou se confirmando.
Em
contraste com a resposta austera proposta por Merkel à crise da Eurozona, os
adversários social-democratas pediam um pouco mais de generosidade e paciência
com os países à medida que estes pagam suas dívidas.
Mas
os eleitores deram a Merkel um apoio esmagador, endossando completamente sua
estratégia de exigir reformas agudas em troca do financiamento de resgate.
Carinhosamente
apelidada de 'Mutti' (mamãe) em seu país, Merkel fez uma campanha centrada em
sua popularidade pessoal e em seu equilíbrio.
'Vocês
sabem quem eu sou! Vocês me conhecem, juntos conseguimos fazer com que em 2013
houvesse um grande número de pessoas em melhores condições do que estavam em
2009!', destacou, ressaltando que o desemprego na Alemanha subiu apenas para
6,8% da população economicamente ativa.
Seu
principal adversário, Peer Steinbrück, atacou seus feitos na área social. A
Alemanha é um dos países da Europa com a maior proporção de salários mais
baixos.
Este
economista de 66 anos será lembrado, sobretudo, por uma foto, publicada na capa
de uma revista, na qual aparece fazendo um sinal obsceno com o dedo.
O
gesto foi feito após uma série de gafes e polêmicas que impediram que o
ex-ministro das Finanças de Merkel (2005-2009) defendesse o programa de seu
partido.
Steinbrück
se comprometeu a instaurar um salário mínimo generalizado 8,50 euros a hora a
partir de fevereiro de 2014.
'Está
em suas mãos! Por favor, votem! Somos o partido que quer atender as carências
sociais', disse sábado Steinbrück em seu último comício, em Frankfurt.
Mas
a maioria dos eleitores preferiu a 'Mutti'.
'Penso
que temos um bom padrão de vida na Europa e isto deve permanecer estável.
Então, para mim, votar em extremos, na esquerda ou na direita, não é uma
resposta', declarou à AFP a irmã Elisabeth Bauer, uma freira, enquanto votava
em Berlim.
Parabéns!
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